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CONFISSÃO, Padre Robson admite atuar em crime organizado e diz ser o 'chefe da quadrilha'

Por Daniel Alves em 27/11/2021 às 12:55:47

Padre Robson de Oliveira Pereira admitiu ser corrupto

Declarações foram registradas em áudio gravado pelo próprio religioso

O padre Robson de Oliveira Pereira admitiu, em áudio gravado, que poderia ser preso caso desvios e documentos alterados ilegais caíssem nas mãos de "um delegado meio doido", que fizesse "perguntas demais". Em outro trecho da gravação, ele ainda diz ser "o chefe da quadrilha".

O arquivo foi registrado pelo próprio religioso em reunião com advogados, e divulgado pelo Jornal da Record na última quarta-feira (24). O material foi apreendido pelo Ministério Público de Goiás (MPGO).

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisa um novo pedido de prisão preventiva contra o religioso e outras quatro pessoas pelo crime de corrupção ativa. O requerimento foi mostrado pela Polícia Federal (PF) no dia 17 de novembro, seis meses depois de uma investigação criminal contra Robson ser suspensa pela Corte.

A reportagem ainda mostrou que o padre e a equipe jurídica se reuniram para discutir estratégias com o intuito de camuflar a ilegalidade de contratos. Os documentos dizem respeito a compras feitas pela Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe) em nome de terceiros.

REUNIÃO

Segundo a reportagem, o encontro durou quase uma hora, e teve a presença do padre Robson, do advogado Klaus Marques, de uma funcionária da Afipe identificada como Alessandra e de outra advogada, não identificada.

Na reunião, o grupo reconhece que os contratos poderiam ser alvos de investigação, até porque poderia existir dificuldade para explicar a relação da Afipe com investimentos imobiliários.

Em dado momento da conversa, uma das pessoas diz ter lido o resultado da possível apuração sobre o caso. Voltando-se ao padre, Alessandra diz: "Vai prender o senhor", e o religioso demonstra medo da prisão. "Deixa um delegado meio doido começar a fazer pergunta pesada", afirma ele. "Aí, gente, eu vou falar para vocês uma coisa. Isso aí é crime organizado".

Klaus Marques assente sobre a afirmativa, acrescentando: "E o senhor [padre Robson] é o chefe", o que é reiterado pelo religioso. "E eu sou o chefe da quadrilha".

RESPOSTAS

O advogado Klaus Marques afirmou desconhecer os fatos e destacou que a Afipe foi pautada pela legalidade. Ele ainda disse ter agido respaldado pelo estabelecido no Estatuto da Advocacia.

Já a Afipe pontuou que nenhuma das pessoas mostradas na reportagem do Jornal da Record têm relação com a associação.

O advogado Cleber Lopes confirmou ao Metrópoles ainda não existir decisão sobre o novo pedido da PF de prisão preventiva contra o padre Robson.

O STJ, por sua vez, comunicou ao portal não divulgar informações sobre "ações originárias em segredo de Justiça, as quais estão sob o comando dos respectivos relatores, sob pena de prejuízo ao andamento das investigações".

ENTENDA O CASO

A Afipe foi presidida pelo religioso até ele ser afastado da entidade, o que ocorreu após deflagração da Operação Vendilhões pelo MPGO, em agosto de 2020. Conforme o jornal Estado de Minas, a investigação começou após o próprio religioso denunciar ser vítima de extorsão de hackers, que teriam descoberto um relacionamento amoroso dele.

Na ocasião, o padre era investigado por suposto desvio de dinheiro entregue à entidade. Segundo o MPGO, as quantias eram oriundas da doação de fiéis, e a Afipe administrava cerca de R$ 2 bilhões recebidos para a construção do novo Santuário Basílica de Trindade.

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