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Vítima afirma ter sido estuprada por juiz e professor; dezenas de mulheres denunciaram casos de assédio

Por Daniel Alves em 16/08/2022 às 06:12:13

Marcos Scalercio, juiz do trabalho de São Paulo e professor.

Nas redes sociais, mulheres contaram casos semelhantes de estupro supostamente cometidos pelo juiz. Defesa do acusado diz que ele jĂĄ foi absolvido pela corregedoria do TRT e teve denúncias arquivadas.

Uma advogada de 29 anos afirmou à reportagem, ter sido estuprada por Marcos Scalercio, juiz do trabalho de São Paulo e professor.

Uma mulher, que prefere não ser identificada, conta que procurou Scalercio para aconselhamento profissional em 2017 e aceitou tomar um café com o juiz que, na época - atuava no Fórum da Barra Funda.

Ela afirma que ele foi encontrĂĄ-la com o carro dele, mas ao invés de seguirem para uma cafeteria, o juiz a levou para um motel. "Ele me agarrou com muita força, ele não conseguia tirar minha roupa. Ele teve relações comigo à força e eu fiquei cheia de hematomas pelo corpo."

Questionada pela repórter se a relação foi consensual, a vítima nega.

"Ele subiu em cima de mim, eu não conseguia tirar ele de cima. Eu falava que não queria, e ele falava coisas do tipo: 'Calma, vocĂȘ vai gostar, deixa eu te mostrar o que é bom', e teve uma hora que eu parei de lutar porque não tinha mais forças para tirar ele de cima de mim. Ali a minha vida mudou, eu passei a conviver com medo, me sentia suja, usada e, ao mesmo tempo, que eu tinha causado tudo isso, que não deveria ter ido encontrar ele", afirma.

A vítima diz também que houve penetração e que o juiz se recusou a usar preservativo. "Ele não parou o que ele estava fazendo e simplesmente se negou e falou: 'De jeito nenhum, não vou [usar preservativo]'", afirma.

Uma funcionĂĄria do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) contou que também foi vítima do juiz dentro do gabinete dele no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, na capital, em 2018.

"Ele se levantou, veio perto da minha cadeira e se apoiou na minha cadeira e começou a tentar me beijar, me assustei e fui para trĂĄs com a cadeira. Mas ele forçava todo o corpo pesado nos meus braços, até que teve uma hora que ele fez menos força, e eu consegui me desvincular. Ele tentava me beijar e falava que 'sabia que eu queria' e como não tinha câmeras no gabinete, eu podia ficar tranquila", afirmou a vítima.

A vítima conta também que ficou com marcas nos braços por ter sido pressionada com força pelo juiz. Ela é uma das trĂȘs vítimas que fizeram denúncias contra Scalercio que são apuradas pelo CNJ e Ministério Público Federal (MPF).

Até a noite desta segunda, 29 novas mulheres procuraram a ONG Me Too, que levou as dez primeiras queixas ao Conselho Nacional do Ministério Público.

Umas das principais dificuldades em casos de assédio sexual é conseguir a prova material do crime, pois, na maioria das situações, ele ocorre entre quatro paredes. Porém, segundo promotores de Justiça ouvidos pelo SP2, o depoimento das vítimas pode ser considerado um elemento de prova do crime. Principalmente em casos em que as vítimas não se conhecem, não se comunicam entre si, mas possuem relatos parecidos que evidenciam como o assediador se comportava.


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