A Polícia Federal em São Paulo indiciou 116 pessoas suspeitas de desviar dinheiro público de creches conveniadas da Prefeitura de São Paulo. O inquérito da Operação Daycare foi concluído na terça-feira (30), depois de trĂȘs anos de investigação.
Os alvos da Operação Daycare — deflagrada em janeiro de 2021 -- eram organizações sociais que administravam creches conveniadas à Prefeitura de São Paulo. Alguns gestores dessas entidades eram suspeitos de desviar parte da verba federal que foi repassada para atender crianças de até 3 anos.
A PF também apura se o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que era vereador à época, tem envolvimento no esquema criminoso que ficou conhecido como "mĂĄfia das creches".
No relatório final, a que o SP2 teve acesso, o delegado afirma que "hĂĄ elementos de prova de que as entidades responsĂĄveis pelas creches apresentaram guias de recolhimento de imposto federal falsas e/ou adulteradas".
Das 152 creches investigadas, 112 apresentaram processos de prestação de contas com indícios de irregularidades. A PF destaca que, num período de quatro anos, um dos grupos criminosos investigados movimentou mais de R$ 1 bilhão .
Os investigadores afirmam que "associações e institutos sociais repassavam a verba pública para empresas fornecedoras 'noteiras'", empresas que emitiam notas fiscais frias, de prestação de serviços ou de compra de produtos que nunca existiram. Para a PF, parte dessa quantia desviada retornava para os presidentes das instituições ou para pessoas próximas a eles.
No relatório final da Operação Daycare, a PF também pediu autorização da Justiça para continuar investigando o suposto envolvimento da empresa da mulher e da filha de Nunes.
Os investigadores identificaram uma remessa de R$ 31,5 mil para o prefeito. O valor saiu da conta de uma das empresas investigadas por emitir notas frias.
Segundo a polícia, parte do dinheiro foi para uma conta pessoal de Nunes, e parte foi para a empresa da mulher e da filha, a Nikkey Serviços, do ramo de dedetização.