O desabamento do teto do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, que aconteceu no dia 30 de setembro, na Zona Norte do Recife, aconteceu a partir da oxidação de peças metálicas que fixavam uma das treliças - estrutura metálica utilizada na construção civil para oferecer apoio e resistência.
Isso é o que diz o laudo pericial elaborado pelo Instituto de Criminalística (IC) e entregue à Polícia Civil na última segunda-feira (25). O g1 teve acesso ao documento assinado pelo perito Fernando Luiz da Silva. Nele, o técnico detalha como se deu o processo de desabamento e o que levou ao episódio trágico que deixou dois mortos e 25 feridos.
Segundo a perícia, as causas do desabamento estão relacionadas à oxidação do console (peça de apoio para fixação) da quinta treliça do Santuário, que perdeu a aderência à parede. Sem a fixação adequada, a estrutura não aguentou o peso do telhado e das demais estruturas instaladas no teto - placas solares e mantas asfálticas para a contenção de infiltrações.
O perito criminal apontou que não teve acesso a informações a instalação da manta asfáltica, como a data em que o material foi colocado no teto, a espessura, o tamanho e, principalmente, seu peso.
Ainda de acordo com o laudo, a oxidação das peças aconteceu por causa de infiltrações de água no teto e nas paredes ao lado do santuário, embora não esteja detalhado desde quando a degradação vinha acontecendo. Para o perito, o desgaste poderia ter sido evitado, se houvesse um plano de manutenção prévio da estrutura.
"As características observadas nas peças metálicas [oxidação] decorreram de infiltração de água no teto e paredes, mais a da direita, sendo ali colocada uma manta asfáltica, cujas evidências permitem dizer que as mantas não cumpriram, com a eficiência desejada, o seu papel de proteger aquela coberta de infiltrações", diz o laudo.
O g1 procurou a Arquidiocese de Olinda e Recife para questionar o que a igreja tem a dizer sobre o laudo que apontou a oxidação das peças e a ausência de plano de manutenção do telhado como causa do desabamento, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Também procurada, a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco disse que:
O desmoronamento do teto do santuário aconteceu no dia 30 de agosto, por volta das 13h30, quando moradores da comunidade aguardavam para receber cestas básicas que são doadas periodicamente pela igreja. Segundo informações de testemunhas, cerca de 70 pessoas estavam dentro da igreja no momento do acidente.
Seis dias antes, tinha sido finalizada a instalação das placas solares no teto do santuário, segundo uma postagem do perfil da paróquia no Instagram. A empresa que instalou as placas solares, a SunBrasil, disse que tinha laudo autorizando a obra e que está atuando para esclarecer as circunstâncias e razões do acidente.
Segundo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, duas pessoas morreram - Antônio José dos Santos e Maria da Conceição de França Pinto - e 25 ficaram feridas após o desmoronamento.