Segundo a polícia, a maior parte de vítimas é formada por arrendatĂĄrios que realizaram pagamentos para lideranças da FNL após coação. Além de Rainha, as investigações também revelam que Luciano de Lima e Claudio Ribeiro Passos, conhecido como Cal, praticaram extorsão.
"Provas apontam com segurança para o fato de que José Rainha deu início às tratativas com as vítimas, a fim de receber, mediante indevida e ilícita exigĂȘncia, vantagem econômica, sob pena de não possibilitar a eles a colheita de sua lavoura", destacou o relatório policial.
As investigações da Polícia Civil começaram em 2021. O relatório foi elaborado com depoimentos, interceptações telefônicas e ĂĄudios, que, segundo a polícia, "resultaram na demonstração de que as alegações eram verídicas".
Uma das conversas gravadas aponta uma militante do FNL relatando a outro integrante que José Rainha pedia recursos para não invadir propriedades e, uma vez invadida, para desocupar a terra.
"As exigĂȘncias são sempre seguidas de graves ameaças voltadas aos patrimônios dos noticiantes", informou o relatório da investigação. "Ora se exige dinheiro em troca de autorização para ingresso e colheita, ora para o ingresso e alimentação de animais, ora para a desocupação."
Em outro ponto do documento, a polícia argumentou que "hĂĄ indícios, inclusive, que mostram José Rainha negociando a venda de parte das terras que hoje ocupa".
Segundo os policiais, os acusados teriam exigido dos proprietĂĄrios "valores em espécie para permitir que eles tivessem o derradeiro acesso a animais, plantações e benfeitorias existentes nas propriedades".
À polícia, uma das vítimas relatou detalhes sobre os valores pagos a ativistas da FNL, efetuando o pagamento de R$ 25 mil, fruto de extorsão, em abril do ano passado.
Outro produtor, que atua no ramo da agropecuĂĄria, também efetuou pagamentos. Ele apresentou aos investigadores os comprovantes dos depósitos nas contas dos líderes do movimento.
Outra vítima afirmou em depoimento ter recebido ligação de uma liderança da FNL. No telefone, essa pessoa pediu a transferĂȘncia de 10 a 15 alqueires de terra para José Rainha e disse que, após isso, desocupariam a propriedade.
No registro policial também consta o depoimento de um agricultor que foi coagido a pagar R$ 50 mil para fazer um acordo com Rainha, que desocuparia a fazenda "antes que chegasse mais gente ali e a situação piorasse".