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Americanos acumulam dívidas médicas milionárias por conta do Covid-19

Por Daniel Alves em 22/05/2021 às 16:55:06

Sem um sistema público de saúde, população precisa organizar as contas e até evitar ir aos hospitais para não acumular mais gastos

Sem a presença de um serviço público de saúde, muitos americanos acumularam dívidas milionárias após a pandemia da Covid-19. O jornal The New York Times acompanhou, por 10 meses, os altos custos do tratamento do coronavírus por meio de um banco de dados que inclui mais de 800 contas médicas enviadas por leitores.



Um relato divulgado aponta que um homem, cujo o pai foi vítima da doença, usa uma planilha no Excel para organizar as dívidas. O documento tem 457 linhas, uma para cada conta, totalizando mais de US$ 1 milhão.

De acordo com a reportagem, os hospitais não estão cumprindo a determinação que proíbe cobrança de saldo e codificam incorretamente os atendimentos, o que significa que as proteções especiais determinadas pelas seguradoras não são aplicadas.



Outros casos apontam que familiares de pacientes que morreram por conta do vírus estão sendo perseguidos.

"As pessoas pensam que existe algum programa de alívio para contar médicas para pacientes com coronavírus", desabafou a psicóloga Jennifer Miller. "Simplesmente não existe."

Jennifer contratou um advogado para orientá-la. Segundo ela, depois da doença, desenvolveu uma "névoa do cérebro", que afeta uma parte dos pacientes.

"Eu tenho um doutorado, mas isso está além das minhas habilidades", disse. "Eu nem comecei a olhar minhas contas de 2021 porque ainda estamos lidando com contas de 2020. Quando as contas vêm sem parar, você só pode lidar com um determinado montante", completou.


A professora Lauren Lueder, de 33 anos, que mora em Detroit, gastou US$ 7 mil para pagar o tratamento. "Há coisas que pesquisei e sabia que deveria fazer, mas tenho medo de ser pego de surpresa pelas contas", relatou. "Você termina com uma bateria de testes e cada coisa vai se somando. Não tenho renda disponível para pagar constantemente por isso", completou.

Irena Schulz, de 61 anos, que vive na Carolina do Sul, sabe bem o que é isso. Ela contraiu o vírus no verão passado e sofre, até hoje, com vários efeitos colaterais persistentes, como problemas de audição e nos rins. A bióloga recebeu uma conta de US$ 5.400 em aparelhos auditivos, que ela esperava que o seguro de saúde cobrisse.

Desde então, ela evita ir até o hospital quando se sente mal, para evitar mais gastos. "Continuo com o Tylenol e bebo muita água, e percebi que ajuda se eu beber muito suco de abacaxi. Se a dor ultrapassar um certo limite, vou consultar um médico. Estamos aposentados, temos uma renda fixa e há tantas coisas que você pode acumular no cartão de crédito", desabafou.

Gastos

Estima-se que os americanos gastaram mais de US$ 30 bilhões em hospitalizações desde o início da pandemia, em março do ano passado. O número foi levantando por Chris Sloan, diretor da empresa de pesquisa em saúde Avalere. Segundo a pesquisa, o custo médio de cada internação hospitalar em território estadunidense é de US $ 23.489.

"O governo está focado em distribuir a vacina, mas não parece que haja alguém pensando mais sobre os impactos a longo prazo nas pessoas que enfrentam custos anormais por conta da Covid", disse Nancy-Ann DeParle, ex-conselheira de políticas de saúde do governo Barack Obama e co-presidente da Covid Patient Recovery Alliance, organização sem fins lucrativos que planeja estudar o assunto.


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