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AFEGANISTÃO, Ano começa com milhões de pessoas passando fome e sob ameaça dos TALIBÃS

Por Daniel Alves em 05/01/2022 às 12:43:53

Mulheres humilhadas, com fome e sem para quem apelar.

Talibã tomou o poder há pouco mais de quatro meses e perspectivas para a população são desalentadoras.

Com o Talibã no governo há pouco mais de quatro meses, o Afeganistão chega a 2022 enfrentando uma grave crise financeira, com a fome assolando uma enorme parcela de sua população, acusações de execuções e desrespeito às promessas de melhor tratamento às mulheres, além de ameaças de conflitos com o Estado Islâmico.

Ao mesmo tempo, o novo governo se empenha em reconstruir relações internacionais e apela pelo fim das sanções dos EUA e de outros países.

"Tornar o Afeganistão instável ou ter um governo afegão fraco não é do interesse de ninguém", disse o ministro das Relações Exteriores afegão, Amir Khan Muttaqi, à Associated Press, em 13 de dezembro.

A situação da população é considerada tão crítica que o Banco Mundial informou no dia 10 de dezembro que doadores internacionais concordaram em arrecadar US$ 280 milhões para fornecer assistência humanitária. O dinheiro do Fundo Fiduciário de Reconstrução do Afeganistão (ARTF) será destinado à Unicef e ao Programa Mundial de Alimentos, segundo um comunicado.

Dois dias depois, a Índia enviou cerca de duas toneladas de medicamentos em um voo especial, que retornou a Cabul depois de transportar até Nova Déli indianos e afegãos membros de minorias. O Talibã agradeceu a doação e disse que espera que outros países façam o mesmo.

Fome

O Programa Mundial de Alimentação (WFP, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas, estima que mais da metade da população do Afeganistão vive abaixo da linha da pobreza, e a insegurança alimentar - que é a falta de acesso a suprimentos básicos de nutrição - está aumentando, muito devido à instabilidade política, social e econômica que atinge comunidades inteiras.

O WFP afirma que ao menos 22,8 milhões de pessoas, de um total de quase 35 milhões de habitantes, são afetadas pela insegurança alimentar no país, incluindo as centenas de milhares que tiveram de fugir de conflitos desde o início deste ano.

Em algumas regiões do país, a situação é tão dramática que famílias chegam até a vender seus filhos para sobreviver. Mohammad Ibrahim, um residente de Cabul, por exemplo, disse à Deutsche Welle que, sem outra opção para quitar um débito que a família tinha e ter a casa queimada, aceitou negociar a filha de 7 anos.

Mulheres

Ao assumir o poder, o Talibã prometeu que desta vez o tratamento dado às mulheres seria menos rígido do que da outra vez que governou o país, entre 1996 e 2001, quando elas foram impedidas de trabalhar e estudar e eram obrigadas a usar burcas que cobriam completamente seus corpos, da cabeça aos pés. Também havia apedrejamento de mulheres acusadas de adultério.

Um porta-voz do grupo chegou a conceder uma entrevista a uma jornalista que não usava burca, na qual afirmou que as mulheres poderiam trabalhar. Ainda em agosto, o Talibã também anunciou que elas poderiam estudar em universidades, mas longe dos homens – aulas mistas seriam proibidas, assim como nas escolas primárias e secundárias.

Na prática, porém, o discurso não se concretizou. O grupo determinou que todas as mulheres, exceto as do setor público de saúde, se afastassem do trabalho até que a "segurança do país" melhorasse.

O novo governo substituiu ainda o Ministério dos Assuntos da Mulher pelo Ministério da Virtude, o mesmo departamento responsável, até o início dos anos 2000, por enviar a polícia religiosa às ruas para fazer cumprir uma interpretação radical da lei Sharia (lei islâmica).


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