O Programa Mundial de Alimentação (WFP, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas, estima que mais da metade da população do Afeganistão vive abaixo da linha da pobreza, e a insegurança alimentar - que é a falta de acesso a suprimentos básicos de nutrição - está aumentando, muito devido à instabilidade política, social e econômica que atinge comunidades inteiras.
Em algumas regiões do país, a situação é tão dramática que famílias chegam até a vender seus filhos para sobreviver. Mohammad Ibrahim, um residente de Cabul, por exemplo, disse à Deutsche Welle que, sem outra opção para quitar um débito que a família tinha e ter a casa queimada, aceitou negociar a filha de 7 anos.
Ao assumir o poder, o Talibã prometeu que desta vez o tratamento dado às mulheres seria menos rígido do que da outra vez que governou o país, entre 1996 e 2001, quando elas foram impedidas de trabalhar e estudar e eram obrigadas a usar burcas que cobriam completamente seus corpos, da cabeça aos pés. Também havia apedrejamento de mulheres acusadas de adultério.
Um porta-voz do grupo chegou a conceder uma entrevista a uma jornalista que não usava burca, na qual afirmou que as mulheres poderiam trabalhar. Ainda em agosto, o Talibã também anunciou que elas poderiam estudar em universidades, mas longe dos homens – aulas mistas seriam proibidas, assim como nas escolas primárias e secundárias.
Na prática, porém, o discurso não se concretizou. O grupo determinou que todas as mulheres, exceto as do setor público de saúde, se afastassem do trabalho até que a "segurança do país" melhorasse.
O novo governo substituiu ainda o Ministério dos Assuntos da Mulher pelo Ministério da Virtude, o mesmo departamento responsável, até o início dos anos 2000, por enviar a polícia religiosa às ruas para fazer cumprir uma interpretação radical da lei Sharia (lei islâmica).