Um trecho de um relatório, o qual a reportagem conseguiu por meio de fontes do PalĂĄcio do Planalto, levanta suspeitas sobre o real número de mortes em decorrĂȘncia da covid-19 em 2020.
De acordo com o documento, apenas quatro em cada dez óbitos (41%) registrados por complicações da doença seriam efetivamente resultado da contaminação pelo vírus.
Segundo o documento, 80 mil pessoas podem ter morrido por complicações da covid-19 no ano passado - e não as 194.949 pessoas que não resistiram, oficialmente.
Os outros 59% das mortes - cerca de 115 mil casos - teriam sido anotados de forma errada como covid-19. O presidente Jair Bolsonaro antecipou a informação a uma plateia de apoiadores no PalĂĄcio do Alvorada, em Brasília.
Os dados superdimensionados teriam ocorrido por falhas nas notificações, alerta o texto.
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"Repete-se o que foi supramencionado, que não hĂĄ evidĂȘncias de que os entes subnacionais estejam supernotificando o número de casos da doença a fim de receberem mais recursos federais. No entanto, pode haver erros de notificação e a anĂĄlise acima busca trazer ao questionamento se os dados de mortalidade decorrentes da Covid-19 estão corretos", assinala o documento.
Em nota o TCU esclarece que não hĂĄ informações em relatórios do tribunal que apontem que "em torno de 50% dos óbitos por Covid no ano passado não foram por Covid", conforme afirmação do Presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje. Segundo o Tribunal, nesse processo, o relatório aponta apenas que utilizar a incidĂȘncia da Covid-19 como critério para transferĂȘncia de recursos, com base em dados das SecretĂĄrias Estaduais de Saúde, pode estimular a supernotificação de casos.