Segundo a investigação, o grupo é suspeito de movimentar R$ 20 milhões por ano de recursos indevidos recebidos como propina. O dinheiro seria desviado de subsídios pagos pela Prefeitura de São Paulo a empresas de ônibus. Também são apurados crimes como ameaça, extorsão e apropriação indébita. Pelo menos 17 pessoas estariam envolvidas no esquema criminoso.
Ainda segundo a polícia, a diretoria do SindMotoristas pressionava trabalhadores e empresas de ônibus, obrigando as empresas a contratar prestadores de serviço que repassariam propina para a diretoria do sindicato. Os trabalhadores eram obrigados a se manter sindicalizados.
Vandevan também é suspeito de enriquecimento político, segundo a investigação, cerca de R$ 29 milhões do patrimônio dele vêm de extorsão de trabalhadores e empresas durante a atuação dele no sindicato.
O SP2 teve acesso a documentos que fazem parte da investigação. Em um dos relatórios, consta a informação de que Valdevan "coleciona antecedentes criminais", entre eles, "roubo e estupro" e "homicídio do sindicalista Severino Teotônio do Nascimento", que atuava no Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de São Paulo.
Ainda segundo esses documentos, em 2013, durante a eleição para presidente do sindicato, Valdevan e os demais integrantes de chapa eleitoral agrediram adversários políticos com arma de fogo.
Apesar de estar licenciado, Valdevan Noventa tinha participação ativa no sindicato. Ele chegou a participar das negociações das últimas greves da categoria com o poder público. No dia 14 de junho, o deputado cassado chegou a assinar um acordo para suspender o movimento junto com o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, em conjunto com Valmir Santana da Paz, atual presidente do sindicato.
A Justiça determinou o cumprimento de ao menos dez mandados de busca e apreensão em endereços de dirigentes do SindMotoristas na capital paulista, Grande São Paulo, Baixada Santista e Arauá, em Sergipe. A ação, batizada de Operação Chapelier, é realizada pela 1ª Delegacia Seccional Centro. Não ocorreram prisões.
Mais de 50 policiais e 20 viaturas participam da operação em São Paulo e Taboão da Serra. Policiais de Sergipe também foram a Arauá, onde Valdevan é apontando como dono de um haras com 50 cavalos (só um dos animais está avaliado em R$ 2 milhões). Foram apreendidos celulares, relógios, documentos e dinheiro.
"Temos provas nos autos que é uma organização criminal armada, em que eles se utilizam ameaças, essa diretoria do SindMotoristas estaria ligada a uma facção criminosa, isso acaba constrangendo empresas e testemunhas que queiram se contrapor a esse esquema criminoso", afirma Roberto Monteiro, delegado do caso.
Ainda segundo o delegado, Valdevan também obrigava associados do sindicato a contratar planos de saúde de empresas, que depois eram repassados como propina para ele e outros dirigentes.