- Ver cidadãos de bem terem seus lares invadidos, por exercerem seu direito à liberdade de expressão, é um sinal que algo de muito grave estĂĄ acontecendo com nossa democracia.
O presidente Jair Bolsonaro fez duras crĂticas na manhã desta quinta-feira (28) ao STF (Supremo Tribunal Federal) um dia após a operação determinada pela Corte que fez buscas e apreensões em endereços acusados de veicular fake news.
"Não teremos outro dia como ontem, chega! Estou com as armas da democracia nas minhas mãos", afirmou o presidente em frente ao PalĂĄcio do Alvorada. "Chegamos no limite", declarou.
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Visivelmente irritado na live publicada nesta manhã, ele afirmou que o Ășnico objetivo da ação de quarta-feira, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, era atingir pessoas que o apoiam. "Querem tirar a mĂdia que tenho em meu favor, sob o argumento falacioso de fake news."
"Não foi justo o que aconteceu no dia de ontem. Se coloquem no lugar daquelas pessoas que tiveram suas residĂȘncias invadidas, como se fossem bandidos."
Entre os alvos da operação da PolĂcia Federal estavam, além de apoiadores com contas influentes nas redes sociais, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e o dono das lojas Havan, Luciano Hang.
Nas palavras do próprio Bolsonaro, governar estĂĄ sendo mais difĂcil do que imaginava porque os inimigos estão aqui dentro, e não no exterior.
"Não mais ousarão atingir direitos individuais. Chega! Eu peço a Deus que ilumine a todos em BrasĂlia para que de forma sensata venham corrigir o que estĂĄ sendo feito de errado", declarou Bolsonaro. "Essa crise não interessa para ninguém. Uma pessoa [Alexandre de Moraes] conseguiu punir a imprensa, tradicional e as redes sociais".
Bolsonaro também reclamou do STF ao voltar a comentar a divulgação do vĂdeo da reunião ministerial de 22 de abril, determinada pelo decano da Corte, Celso de Mello. "Fizemos o possĂvel para que só fosse exibido o que interessava ao inquérito, mas não fomos atendidos."
"Ouvir que um ministro meu [Abraham Weintraub] pode ser preso por até 20 anos... eu peço que reflitam", disse, e enfatizou. "Pelo amor de Deus, eu peço que reflitam."
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Na visão do presidente, a reunião era fechada, secreta e lĂĄ dentro todos poderiam falar o que quisessem. "A responsabilidade do que tornou-se pĂșblico não é de nenhum ministro, é do Celso de Mello, ele divulgou. Eu peço pelo amor de Deus que não sigam com esse inquérito, a não ser se for pelo abuso de autoridade."
Bolsonaro disse se colocar à disposição para discutir o andamento dos processos relacionados ao governo federal com o ministro do STF, Edson Fachin, e com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), respectivamente.
Na abertura da suposta entrevista coletiva, que no entanto não teve espaço para perguntas da imprensa, ele reclamou de governadores e prefeitos que, de acordo com ele, estão ajudando a derrubar a economia com medidas extremas contra o coronavĂrus.
Afirmou que agora hĂĄ uma terceira onda negativa possĂvel com a pandemia. O vĂrus em si é a primeira, seguido pela recessão e, finalmente, um terceiro momento, o de caos social, comparĂĄvel ao que vive a Venezuela.
Durante a madrugada, o presidente jĂĄ havia mostrado em suas redes sociais descontentamento com a operação determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.
Bolsonaro também publicou em suas redes sociais um vĂdeo questionando o conceito de liberdade de expressão defendido por Moraes. E afirmou: "Estamos trabalhando para que se faça valer o direito à livre expressão em nosso paĂs. Nenhuma violação desse princĂpio deve ser aceita passivamente!"