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Banco dos EUA levanta suspeita sobre lavagem de R$ 1,4 bi na Eucatex de Maluf

Um golpe de mestre

Por Daniel Alves em 30/12/2020 às 08:48:35

Paulo Maluf vai morrer e deixar os MILHÕES ROUBADOS para os herdeiros desfrutarem pelo resto de suas vidas, sem preocupação nenhuma.

Paulo Maluf nasceu em berço de ouro e foi criado como 1 príncipe árabe. Aos 18 anos, ganhou 1 Porsche vermelho conversível de presente dos pais quando entrou no curso de engenharia da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo). Era 1950.

Quando queria mostrar que era multimilionário, ia para a escola com o carro da mãe: 1 Rolls-Royce que havia sido comprado junto com o carro presidencial que Getúlio Vargas importou em 1953. Maria Maluf tinha 1 dos 4 Rolls-Royce que existiam no Brasil.

Enquanto a fortuna materna era composta de mais de 5.000 imóveis, a paterna tivera origem num novo negócio: uma serraria moderna, que já nos anos 1960 se tornaria a maior da América Latina, a Eucatex.

Apesar de tanto dinheiro, Maluf foi condenado por desvio de recurso público. Vive em prisão domiciliar e está com a saúde debilitada.

As condenações do ex-prefeito agora resvalam na galinha dos ovos de ouro dos Malufs: a Eucatex. A empresa foi apontada por 1 banco norte-americano como suspeita de envolvimento em operações de lavagem de dinheiro.

A empresa que deu origem à Eucatex, nos anos 1950
reprodução – site de relação com investidores da Eucatex

Documentos sigilosos do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos mostram que o Standard Chartered Bank, de Nova York, considerou suspeitas operações que somam US$ 264,4 milhões, o equivalente a R$ 1,4 bilhão em valores correntes. As 946 movimentações suspeitas ocorreram de agosto de 2009 a agosto de 2016, de acordo com documento produzido por 1 braço do Tesouro chamado Rede de Combate aos Crimes Financeiros.

"Informações de domínio público indicam que a Eucatex lavou recursos obtidos por Paulo Maluf por meio de desvios e corrupção quando era prefeito e governador de São Paulo", diz o texto em seu primeiro parágrafo. Os norte-americanos têm interesse em apurar a legalidade das operações da empresa porque ela tem uma filial nos Estados Unidos e usa bancos daquele país.

A documentação à qual o Poder360 teve acesso foi obtida pelo BuzzFeed News nos Estados Unidos e compartilhada pelo ICIJ (International Consortium of Investigative Journalists, ou Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), por meio do projeto chamado FinCen Files (Arquivos FinCen), a sigla em inglês de Financial Crimes Enforcement Network, seção dentro do Departamento do Tesouro dos EUA (o Tesouro norte-americano é equivalente ao Ministério da Economia no Brasil).

Criada em 1990, a FinCen é uma espécie de Pentágono que atua contra lavagem de dinheiro, terrorismo e outros tipos de crimes financeiros. No Brasil, o organismo equivalente seria o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), só que a FinCen tem muito mais poder.

O ICIJ é uma instituição jornalística sem fins lucrativos baseada em Washington D.C. que revelou grandes escândalos internacionais como o Panama Papers e o SwissLeaks. O projeto FinCen Files envolve mais de 400 jornalistas de 88 países e 110 meios de comunicação. Analisou operações como valor total pouco acima de US$ 2 trilhões. No Brasil, a investigação ficou sob responsabilidade de 3 veículos de comunicação: este jornal digital Poder360, a revista Piauí e a revista Época (do grupo Globo).

O Poder360 é parceiro do ICIJ por meio do diretor de Redação, Fernando Rodrigues, que é integrante do consórcio há 20 anos.

A Eucatex entrou no radar das autoridades norte-americanas por causa das condenações de Maluf por lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos quando foi prefeito de São Paulo, de 1993 a 1996, segundo o documento da FinCen.

A documentação norte-americana fala na condenação de Maluf no uso da Eucatex para receber dinheiro desviado, e frisa que, no caso atual das suspeitas sobre a empresa, o ex-prefeito não tem qualquer envolvimento.

"Maluf não pode ser diretamente vinculado a essas transações observadas", afirma o documento de 11 páginas, datado de 3 de outubro de 2016.

Os papéis encaminhados ao Tesouro norte-americano pelo banco de Nova York são chamados de SARs (Suspicious Activity Report, ou Relatório de Atividades Suspeitas). Sempre que 1 banco, corretora, companhia de seguro ou cassino, entre outras atividades, depara-se com uma movimentação que considera suspeita, precisa encaminhar 1 relatório com as dúvidas para as autoridades do FinCen. No caso de suspeita de lavagem, o alerta precisa ser enviado com transações a partir de US$ 5.000.

Só em 2019, houve 12.148 instituições financeiras enviando 2.751.694 comunicados com suspeitas ao Departamento de Tesouro. O relatório pode ser o marco zero de uma investigação criminal ou de caráter cível. Há, entretanto, dúvidas sobre como evoluiu o alerta de 2016 usado nesta reportagem e que representava risco para a Eucatex. Como muitas empresas fazem acordos sigilosos com o governo para fugir das pesadas punições, não dá para concluir que a empresa da família Maluf ainda esteja sob investigação nos EUA.

O documento afirma que, além da condenação de Maluf, há 2 fatores negativos relacionados à Eucatex: o bloqueio de recursos da empresa em 2013, no valor de R$ 520 milhões, e as dúvidas sobre quem fez o depósito e quem é o real beneficiário dos recursos que passaram pelas contas da empresa em bancos norte-americanos ou de paraísos fiscais que têm negócios com as instituições financeiras dos Estados Unidos.

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