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MP investiga se Universal foi usada para lavagem de dinheiro de corrupção no Rio

Por Daniel Alves em 14/09/2020 às 14:09:42

Crivella quando Ministro da Pesca foi acusado de desvio de milhões de reais naquela instituição governamental

A gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) à frente da prefeitura do Rio de Janeiro estĂĄ novamente no centro de uma polĂȘmica, com o Ministério Público investigando uma suposta lavagem de dinheiro oriundo de verbas públicas através da Igreja Universal do Reino de Deus.


Em março deste ano, o Ministério Público Estadual iniciou uma investigação sobre indícios de "bilionĂĄrias movimentações atípicas" da Igreja Universal e disse ser "verossímil concluir" que a instituição estaria sendo "utilizada como instrumento para lavagem de dinheiro fruto da endĂȘmica corrupção instalada na alta cúpula da administração municipal".

Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal, recentemente foi alvo de um segundo pedido de impeachment, recusado pela Câmara Municipal. O MP tem investigado a prefeitura por conta de um suposto "QG da Propina" envolvendo a prefeitura do Rio de Janeiro.

A menção à Igreja Universal foi feita em um documento de 262 pĂĄginas do dia 02 de setembro enviado à Justiça pelo Subprocurador-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do MPE-RJ, Ricardo Ribeiro Martins.

Martins mencionou no pedido de investigação a existĂȘncia de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão vinculado ao Ministério da Economia, apontando que a Universal teria feito "movimentações financeiras de R$ 5.902.134.822,00", entre o dia 5 de maio de 2018 e 30 de abril de 2019.

O relatório do COAF reúne informações de vĂĄrios CNPJs das filiais da Universal, com movimentações de entrada e saída de dinheiro vivo, além de transferĂȘncias bancĂĄrias. Essa movimentação bilionĂĄria detectada pelo órgão do Ministério da Economia, porém, não significa necessariamente que algum crime foi cometido.

O MP argumentou que a movimentação que foi relatada pelos bancos ao COAF se encaixa no artigo 1Âș, inciso I, item "b" da Carta Circular de número 3.542 do Banco Central do Brasil, que normatiza "movimentações em espécie realizadas por clientes cujas atividades possuam como característica a utilização de outros instrumentos de transferĂȘncia de recursos, tais como cheques, cartões de débito ou crédito".


Em nota, a Igreja Universal diz que "Como a ampla maioria das entidades religiosas – recebe doações (dízimos e ofertas) em dinheiro vivo dos fiéis, e pelo tamanho da instituição, com milhares de filiais em todo o país, também é verossímil concluir que essa movimentação bilionĂĄria se refira às doações dos membros"

O portal G1 obteve acesso a documentos do Ministério Público sobre o caso e enfatizou que "não hĂĄ detalhes de como funcionaria essa suposta lavagem de dinheiro" e aponta que as únicas evidĂȘncias levantadas pelo subprocurador-geral são "as bilionĂĄrias movimentações atípicas" da Universal e a "notória vinculação" de Crivella com a instituição, assim como o "envolvimento de Mauro Macedo na trama criminosa".

Mauro é primo do bispo Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus e coordenou campanhas políticas de Crivella no passado. Ele é citado em delações da Operação Lava Jato como suposto recebedor de "caixa dois".


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