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LIBERDADE DE EXPRESSÃO: Polícia russa prende milhares em atos pedindo liberação de opositor de Putin

Repressão comunista a liberdade de expressão

Por Daniel Alves em 31/01/2021 às 13:24:05

A polícia russa cercou neste domingo (31) os apoiadores do líder da oposição detido Alexey Navalny, enquanto os manifestantes desafiavam as autoridades a se manifestarem em seu nome pelo segundo fim de semana consecutivo.


De acordo com o OVD-Info, um site independente que monitora as prisões, 2.119 pessoas foram detidas até às 9h18 (de Brasília) em todo o país por causa dos protestos não autorizados. Esse número deve aumentar.

Os apoiadores de Navalny disseram que estavam planejando protestos em pelo menos 120 cidades, com cada um deles marcado para começar ao meio-dia, horário local naquela cidade. O país possui 11 fusos horários.

Feeds de vídeo ao vivo e vídeos de mídia social mostraram multidões se reunindo em várias cidades, gritando "Putin é um ladrão", em referência ao presidente russo, Vladimir Putin.

Navalny foi detido em 17 de janeiro, momentos depois de chegar a Moscou. Ele passou meses em tratamento na Alemanha após ser envenenado em agosto de 2020 pelo agente Novichok. Ele culpou o governo russo pelo envenenamento, uma alegação que o Kremlin negou repetidamente.

O político está atualmente sob custódia antes de uma audiência em 2 de fevereiro, onde um tribunal decidirá se sua pena suspensa por fraude em um caso de peculato de 2014 deve ser convertida em prisão devido ao que as autoridades russas dizem ser a violação dos termos de sua pena suspensa.

Navalny apareceu por link de vídeo na quinta-feira em uma audiência na qual seu recurso contra sua detenção antes da audiência da próxima semana foi rejeitado. Ele permanece no centro de detenção Matrosskaya Tishina, no nordeste da capital.

Falando naquela audiência, Navalny pediu aos manifestantes que continuassem se manifestando. "Eles são a última barreira que impede aqueles no poder de roubar tudo. Eles são os verdadeiros patriotas", disse ele. "Você não será capaz de nos intimidar - nós somos a maioria."

O Ministério de Assuntos Internos da Rússia alertou os cidadãos russos para não participarem dos protestos "não autorizados". "O Ministério de Assuntos Internos da Rússia pede aos cidadãos que se abstenham de participar de protestos não autorizados", disse o ministério em uma postagem no Instagram.

A lei federal russa exige que os organizadores entrem com um recurso nas autoridades locais com pelo menos 10 dias de antecedência para obter permissão para realizar um protesto.

A equipe de Navalny anunciou, através de suas contas de mídia social, novos pontos de encontro para os manifestantes nas cidades de Moscou e São Petersburgo, depois que as autoridades russas bloquearam certas ruas e estações de metrô antes dos comícios.

As forças de segurança puderam ser vistas em força nas ruas do centro de Moscou no início do domingo, inclusive na Praça Lubyanka, onde fica o quartel-general do Serviço de Segurança Federal Russo (FSB).

Rebecca Ross, porta-voz da Embaixada dos Estados Unidos em Moscou, pediu à Rússia que respeite os direitos humanos internacionais enquanto os protestos acontecem em todo o país.

"Antes dos protestos planejados em apoio a Navalny, as autoridades russas detiveram preventivamente ativistas e jornalistas e bloquearam o centro da cidade de Moscou. Relatos de centenas de manifestantes detidos hoje na Rússia. A Rússia deve respeitar os compromissos internacionais de direitos humanos", tuitou Ross no domingo.

O vídeo ao vivo dos protestos na cidade russa de Novosibirsk, na Sibéria, mostrou a polícia prendendo motoristas que buzinavam em apoio aos manifestantes. Em resposta, os manifestantes foram ouvidos gritando: "Deixe-os ir!"

As pessoas podiam ser vistas com os braços dados, formando correntes, gritando "Liberdade!" e "Devolva nosso dinheiro!" enquanto eles estavam em frente à prefeitura de Novosibirsk. Fileiras de policiais de choque estavam em pé na frente deles.

Manifestantes marchando pelas ruas nevadas podiam ser ouvidos gritando: "Rússia sem Putin!" e "um por todos e todos por um."

As autoridades anunciaram antes dos protestos de domingo que certas ruas no centro de Moscou seriam fechadas, sete estações de metrô seriam interditadas e que álcool não poderia ser vendido em recipientes de vidro durante todo o dia.

Além disso, o gabinete do prefeito de Moscou disse que cafés, restaurantes e outras instalações de alimentação estariam fechados no centro da cidade no domingo, de acordo com a agência de mídia estatal russa TASS.

Mais de 2.100 pessoas, incluindo a esposa de Navalny, Yulia, foram presas no fim de semana passado em comícios em quase 100 cidades, incluindo São Petersburgo e Moscou, de acordo com o OVD-Info.

Antes do último protesto, Yulia Navalnaya postou uma foto de sua família no Instagram. A foto mostra familiares, incluindo o marido e o irmão dele, Oleg Navalny, que foi detido no início desta semana em Moscou.

"Se ficarmos em silêncio, amanhã eles virão atrás de qualquer um de nós", escreveu ela em um post que acompanha a foto, referindo-se às autoridades russas.

Navalnaya também fez uma referência a Putin e a uma investigação da Fundação Anticorrupção de Navalny (FBK) sobre a riqueza de Putin e um palácio luxuoso que ele supostamente possui no Mar Negro.

"Em um bunker de 16 andares com uma discoteca aquática, uma pessoa assustada aleatória é quem decide nosso destino - ele pode decidir prender um e envenenar outro", escreveu ela.

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