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COVID-19: Mutação, variante, cepa e linhagem: entenda o que significam os termos ligados à evolução do vírus chinês

Por Daniel Alves em 31/01/2021 às 13:08:39

É normal a mudança do Sars-Cov-2; à medida que o vírus se espalha, ele pode sofrer muitas modificações genéticas. Saiba o que cada expressão significa.

Novas mutações do vírus SARS-CoV-2 são esperadas. Isso é um comportamento comum – porque, à medida que o vírus se espalha, ele pode sofrer muitas modificações genéticas. Dessas mutações podem surgir novas variantes, linhagens e cepas.

Entenda o que significa cada termo ligado à evolução do novo coronavírus:

Mutação

É uma mudança que ocorre de forma aleatória no material genético. Essas alterações ocorrem com frequência e não necessariamente deixam o vírus mais forte ou mais transmissível. Por isso, pesquisadores acompanham o caminho das transmissões e fazem um mapeamento do material genético no decorrer da pandemia, uma forma de monitorar as versões que realmente merecem atenção.


"Algumas pessoas falam 'ah, ele [o vírus] fez uma mutação para causar tal doença ou tal forma de se infectar'. Não. Isso não é direcionado", explica Rute Andrade, bióloga doutora em saúde pública e membro da Rede Análise Covid-19, grupo multidisciplinar de pesquisadores brasileiros que coleta, analisa, modela e divulga dados sobre a doença.

"Por exemplo: uma mutação no Sars-CoV-2 que propiciaria a ele entrar mais facilmente na célula – ela seria sem querer, só que ela iria se fixar, porque mais vírus vão entrar na célula. E o que o vírus mais quer é entrar numa célula para se replicar", acrescenta.

"Então, se ele consegue uma modificação ao original que facilite entrar melhor nas células, essa modificação vai dominar em relação às outras e, às vezes, até mesmo ao vírus ancestral", completa Andrade, que também é e Conselheira da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Variante

A variante pode ser entendida como o vírus que mudou durante seu processo de replicação. Quando essa mudança (mutação) começa a aparecer muitas vezes, os especialistas fazem o sequenciamento do genoma. Se essa mudança se "fixa", isso configuraria a variante do vírus anterior. O vírus ancestral (ou original) pode ter várias variantes, cada uma com uma modificação diferente.

"Você tem o primeiro vírus – ou os primeiros que foram identificados num determinado local – aqui no Brasil, por exemplo. Esse vírus tem uma sequência genética. Ele vai sofrer replicações, multiplicações, sendo passado de uma pessoa para outra. Nesse processo todo, podem acontecer mutações, que seriam modificações nas sequências de proteínas", explica Rute Andrade.

"Quando esse vírus que tem essa diferença é identificado por um PCR que foi feito num paciente, você vai dizer que aquele paciente carrega uma variante do vírus original, do vírus ancestral. E essas variantes podem ser inúmeras", completa a pesquisadora.

Quanto mais o vírus circula – é transmitido de uma pessoa para outra –, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações no seu material genético. Em outras palavras, quanto mais o vírus circula, maior é a probabilidade de surgirem novas variantes dele.

Linhagem

É um conjunto de variantes que se originaram de um vírus ancestral comum.

"Quando você tem já várias variantes, distintas variantes, que se originaram no mesmo local – por exemplo, daqui do vírus ancestral do Brasil – essas variantes vão constituir uma linhagem. A linhagem seria um grupo de vírus variantes que se diferenciaram e têm um ancestral comum, que seria aquele primeiro vírus identificado", explica Rute Andrade.

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