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Ex-governador vira réu em ação que apura desvios de R$ 20 milhões de escolas públicas

Por Daniel Alves em 10/11/2023 às 08:09:01

Ex-governador do Paraná, Beto Richa.

A Justiça decidiu tornar réu por corrupção passiva o ex-governador do ParanĂĄ, Beto Richa, hoje deputado federal pelo PSDB. Ele foi acusado pelo Ministério PĂșblico de desviar R$ 20 milhões de obras de escolas entre 2011 e 2015.

A denĂșncia integra as investigações da Operação Quadro Negro, como ficou conhecida. A acusação aponta que Richa, na época governador do estado, comandava e era o principal beneficiĂĄrio da associação criminosa.

A denĂșncia

Segundo a denĂșncia do Ministério PĂșblico, Richa teria nomeado MaurĂ­cio Fanini para o cargo de diretor do Departamento da Secretaria de Estado da Educação (Seed) para possibilitar o contato direto com empreiteiros interessados em obras em escolas pĂșblicas e viabilizar eventual repasse de vantagens ilĂ­citas.

Segundo os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), grupo especializado do MP, Richa ordenou que Fanini implantasse a "sistemĂĄtica de obtenção de vantagens indevidas", passando a solicitĂĄ-las para os donos de diversas empresas contratadas pela Secretaria de Educação.

Entre elas, estĂĄ a construtora Guilherme Ltda. De acordo com o Gaeco, em contrapartida às propinas pagas pela "empresa parceira", Fanini asseguraria o rĂĄpido pagamento das faturas apresentadas pela construtora, assim como a formalização de aditivos contratuais ideologicamente falsos.

O Gaeco aponta que a organização criminosa, junto com representantes da construtora, firmou, com a Secretaria de Educação, o contrato para a construção do Centro de Educação IndĂ­gena no ParanĂĄ, em Manoel Ribas, em fevereiro de 2012, por quase R$ 6 milhões.

Conforme os promotores, por orientação de Beto Richa, Fanini teria solicitado a vantagem indevida correspondente a 2% dos valores que seriam recebidos pela construtora, o que foi aceito.

DenĂșncia detalha como pagamentos foram feitos

A denĂșncia do Gaeco aponta que um pagamento de R$ 50 mil ocorreu em 1Âș de agosto de 2013. O documento indica a entrega de R$ 50 mil feita por Marco Antônio Guilherme, dono da construtora, no banheiro do departamento orçamentĂĄrio da Secretaria de Educação do Estado.

Segundo os promotores, dois meses depois, em 30 de outubro de 2013, outros R$ 50 mil também foram entregues da mesma forma e no mesmo local.

O Ministério PĂșblico afirma que, no total, MaurĂ­cio Fanini Antônio e Beto Richa receberam a quantia aproximada de R$ 100 mil.

Fanini, apontado como operador do esquema na denĂșncia, fez acordo de delação premiada com o Ministério PĂșblico.

Outros réus

Além do ex-governador, também foram denunciados o dono da construtora Guilherme Ltda, o empresĂĄrio Marco Antônio Guilherme e o então engenheiro do estado, Sérgio Takaki.

O juiz Leandro Gomes, da 9ÂȘ Vara Criminal de Curitiba, afirma na decisão "que existem provas que justificam a abertura de uma ação penal".

Além de Richa, que tornou-se réu por corrução passiva, Guilherme e Takaki vão responder por corrupção ativa.

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