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ESCULHAMBAÇÃO: Escolha de Flávio Dino para STF diz, em letras garrafais, 'para que o PT veio'

Por Daniel Alves em 28/11/2023 às 07:25:26

LULA<>DINO, O Brasil Descendo a Ladeira.

A escolha do ministro da Justiça, FlĂĄvio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF) abalou a cĂșpula do PT, que não esconde a contrariedade com a decisão do presidente Luiz InĂĄcio Lula da Silva. Dirigentes petistas queriam emplacar na Corte o advogado-geral da União, Jorge Messias, que é próximo do partido, especialmente do lĂ­der do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).

Dino é visto como um adversĂĄrio polĂ­tico não apenas por bolsonaristas como também pela ala majoritĂĄria do PT desde os tempos em que era governador do Maranhão. Nos bastidores, integrantes do comando petista observam que, mesmo no Supremo, nada impede que Dino deixe a Corte para disputar a PresidĂȘncia da RepĂșblica na eleição de 2030. O ministro é filiado ao PSB, sigla que também abriga o vice, Geraldo Alckmin.

Na avaliação de senadores e deputados do PT ouvidos pelo Estadão, sob reserva, o sentimento no partido é o de que Lula tomou a decisão não apenas porque confia em Dino, mas também para contemplar os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Os dois magistrados defenderam os nomes de Dino para o STF e do subprocurador Paulo Gonet para a chefia da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR).

A indicação do secretĂĄrio-executivo Ricardo Capelli como ministro interino da Justiça, até a escolha do sucessor, também é outro fator de insatisfação nas fileiras do PT.

No diagnóstico da cĂșpula petista, Lula estĂĄ dando trĂȘs "trancos" no partido com suas decisões, um atrĂĄs do outro. O primeiro deles estĂĄ na escolha de Dino para o STF. O segundo é deixar Capelli, considerado um desafeto do partido, como interino no Ministério da Justiça.

O terceiro é que uma importante ala do PT jĂĄ trabalhava para apaziguar o descontentamento provocado pela indicação de Paulo Gonet como procurador-geral da RepĂșblica no lugar de Augusto Aras.

Na semana passada, grupos de esquerda enviaram a Lula um manifesto contra a indicação de Gonet para a PGR, sob o argumento de que ele era "ultraconservador", com passagens que se colidiam com a defesa dos direitos humanos.

Apesar das crĂ­ticas a Gonet, petistas com trânsito no PalĂĄcio do Planalto entraram em cena para defender o nome do subprocurador e dissipar o mal-estar, na expectativa de que Lula "compensasse" o partido e indicasse Jorge Messias para a cadeira antes ocupada por Rosa Weber no STF. Não foi o que ocorreu.

Mesmo contrariados, dirigentes do PT jĂĄ haviam até mesmo se conformado com o fato de Lula não escolher agora uma mulher negra para a vaga de Weber. Mas, quando achavam que Messias estava mais bem posicionado, foram surpreendidos com o anĂșncio de Dino.

Presidente recebeu garantias de Pacheco e Alcolumbre

Lula pretendia indicar somente Gonet agora, deixando a escolha do novo ministro do Supremo para a volta da viagem aos Emirados Árabes, para onde embarca nesta segunda-feira, 27, a fim de participar da 28.ÂȘ ConferĂȘncia das Nações Unidas para Mudanças ClimĂĄticas. Mudou de ideia, porém, depois de o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e também o senador Davi Alcolumbre, que comanda a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), garantirem a ele que Dino não ficaria "na chuva" e teria o nome aprovado na Casa.

Tanto Dino como Gonet precisam passar por sabatinas na CCJ e no plenĂĄrio do Senado para serem nomeados. O ministro da Justiça sofre resistĂȘncias de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro por ter atuado fortemente para enquadrar bolsonaristas que participaram dos atos golpistas de 8 de janeiro. Liderada pelo PL de Bolsonaro, a oposição jĂĄ avisou que tentarĂĄ barrar a ida de Dino, senador licenciado, para o Supremo.

Nos Ășltimos dias, no entanto, tanto Pacheco como Alcolumbre se aproximaram de Lula. Os dois asseguraram ao presidente que os nomes de Dino e Gonet serão aprovados em sabatinas no Senado antes do recesso parlamentar, no fim de dezembro.

Nessas articulações, até mesmo dirigentes do PT desconfiam que o lĂ­der do partido no Senado, Jaques Wagner (BA), se aliou a Pacheco e Alcolumbre e votou a favor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe poderes do Supremo para fazer um aceno na direção da dupla. Com o movimento, Wagner irritou o PT e o Supremo, mas pode ter sido um jogo combinado com Lula, que, depois, afagou os magistrados.

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