JHP2

Macroengenharia, as maiores coisas que a humanidade poderá um dia construir

Por Daniel Alves em 28/02/2021 às 07:33:21

O Universo ao nosso alcance

De elevadores orbitais a canhões espaciais, alguns dos projetos visionários mais ambiciosos da história não são tão 'impossíveis' quanto parecem.

Em 1603, um padre jesuíta inventou uma máquina para erguer o planeta inteiro apenas com cordas e roldanas.

Christoph Grienberger revisou todas as obras matemáticas escritas por autores jesuítas, função semelhante à de um editor de revista científica moderna.

Ele calculou, com base na proporção 1:10, que, se uma roldana era capaz de permitir que uma pessoa levantasse 10 vezes o peso de um objeto sem ajuda, se alguém tivesse 24 engrenagens conectadas a uma esteira, poderia então levantar a Terra... bem lentamente.

Como qualquer acadêmico moderno que valoriza a teoria em detrimento da prática, ele deixou de fora os detalhes desagradáveis: "Não vou tecer essas cordas, tampouco determinar o material para as roldanas ou o lugar em que a máquina será suspensa: como são outras questões, deixo-as para outros descobrirem."

Você pode ver como era o dispositivo teórico de Grienberger aqui.

Desde o advento da matemática, estudiosos visionários como Grienberger tentaram imaginar os limites extremos da engenharia, mesmo que não houvesse a tecnologia disponível na época.

Ao longo dos séculos, eles sonharam com máquinas para erguer o mundo, transformar a superfície da Terra ou até mesmo reorganizar o Universo.

Essa "engenharia em megaescala" — às vezes chamada de macroengenharia — lida com projetos ambiciosos que remodelariam o planeta ou construiriam objetos de tamanhos inimagináveis.

O que esses sonhos futuristas de megaescala podem nos dizer sobre a engenhosidade e a imaginação humanas?

As origens da engenharia em megaescala remontam aos gregos antigos. Arquimedes é famoso por muitas coisas, mas se vangloriava de uma: "Dê-me um ponto de apoio que moverei a Terra!"

Ele estava se referindo às alavancas: sabia que, com um eixo fixo, uma alavanca bem longa é capaz de exercer uma força tremenda. Assim como a máquina de Grienberger fazia com as roldanas, sua compreensão dessa mecânica tornava irresistível especular sobre problemas de magnitude muito além de qualquer questão prática.

Desde então, sempre que uma lei da Física era atestada como universal, o próximo passo natural era ampliá-la e explorar as consequências teóricas.

Isaac Newton notou que a lei que descreve a gravidade da Terra era aplicada tanto a maçãs quanto à Lua. Portanto, muito antes de a viagem para o espaço se tornar realidade, ele destacou que um canhão poderoso poderia, em princípio, ser ampliado para impulsionar um satélite na órbita da Terra. A ideia foi mais tarde descrita na obra de ficção científica Da Terra à Lua - Viagem Direta em 97 Horas e 20 Minutos (1865), de Júlio Verne.

No século 20, alguns grupos nos Estados Unidos e em outros lugares fizeram tentativas sérias para analisar se tal canhão poderia funcionar. Esses esforços falharam, e as elocubrações de Newton foram descartadas como uma previsão equivocada.

Mas vale a pena lembrar que nosso atual meio de transporte espacial — o foguete — já foi considerado improvável e fantasioso também.

Em 1920, o jornal americano The New York Times ridicularizou os defensores da ideia, sugerindo que eles não tinham o conhecimento de física de um estudante do ensino médio. (Em 1969, o jornal publicou uma retratação descontraída, no dia seguinte ao que os astronautas da Apollo 11 decolaram em direção à Lua.)

Comunicar erro
cosmetic shop

Comentários

JHP