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Filha denuncia torturas e abusos do pai; pastor cometeu estupro em massa por mais de 20 anos

Por Daniel Alves em 22/01/2024 às 05:37:27

TARADÃO: Fundador da Igreja Sinagoga de Todas as Nações, TB Joshua é acusado de cometer tortura e abusos sexuais em massa por quase 20 anos

ESTUPROS DENTRO DE IGREJA: Primeira pessoa a denunciar os abusos sexuais em massa na igreja do pastor T.B. Joshua, na Nigéria, foi sua jovem filha.

A BBC revelou como o pastor Temitope Balogun Joshua, conhecido como T.B. Joshua (1963-2021), acusado de cometer crimes sexuais em massa, manteve sua própria filha trancada em um quarto e a torturou por anos, até abandoná-la nas ruas de Lagos, na Nigéria.

Joshua era o líder da megaigreja chamada Igreja Sinagoga de Todas as Nações (Scoan, na sigla em inglês). Ele morreu aos 57 anos de idade em 2021 e é acusado de cometer tortura e abusos em massa por quase 20 anos.

"Meu pai tinha medo, medo constante. Ele tinha muito medo de que alguém falasse", conta uma das filhas do pastor, Ajoke. Ela foi uma das primeiras pessoas a denunciar à BBC os abusos que ela presenciou na igreja do seu pai.

Agora com 27 anos, Ajoke vive escondida e eliminou seu sobrenome "Joshua". A BBC irá manter seu novo nome em sigilo.

Pouco se sabe sobre a mãe biológica de Ajoke. Acredita-se que ela faça parte da congregação de T.B. Joshua.

Ajoke se lembra de ter sido criada pela viúva de Joshua, Evelyn, desde muito pequena.

Ela conta que teve uma infância muito feliz até os sete anos de idade. Ela viajava de férias com a família Joshua para lugares como Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Até que, um dia, tudo mudou.

Ajoke foi suspensa da escola por mau comportamento e um jornalista local se referiu a ela como filha ilegítima de T.B. Joshua em uma reportagem. Ela foi retirada da escola e levada para o complexo da Scoan em Lagos.

"Fui forçada a me mudar para o quarto dos discípulos", ela conta. "Eu não me voluntariei para ser discípula. Fui forçada a entrar."

Os discípulos eram um grupo de elite de seguidores dedicados que serviam T.B. Joshua e moravam com ele dentro do labiríntico complexo da igreja. Eles vinham de todas as partes do mundo e muitos moravam no complexo por décadas.

Os discípulos seguiam um conjunto de regras rigorosas: não podiam dormir mais do que algumas horas por dia, o uso de telefones próprios era proibido e eles não tinham acesso a e-mails pessoais. Eles ainda eram obrigados a chamar T.B. Joshua de "papai".

"Os discípulos sofriam lavagem cerebral e eram facilitadores. Todos agiam simplesmente sob comando, como zumbis. Ninguém questionava nada", relembra Ajoke.

Ela era adolescente e não respeitava as regras como os outros discípulos. Ajoke se recusava a se levantar quando o pastor entrava no quarto e se rebelava contra as severas normas de sono.

Os abusos começaram pouco tempo depois.

Ajoke se lembra de ter apanhado por urinar na cama, não muito tempo depois de chegar, com sete anos de idade. Ela foi forçada a andar pelo complexo com uma placa em volta do pescoço, com os dizeres: "faço xixi na cama".

Uma antiga discípula conta ter sido informada de que Ajoke "tinha maus espíritos que precisavam ser retirados".

"Certa vez, nas reuniões dos discípulos, ele [Joshua] disse que as pessoas podiam bater nela. Qualquer pessoa do dormitório feminino podia simplesmente bater nela e eu me lembro de observar pessoas dando tapas nela quando ela passava", conta.

Quando Ajoke se mudou para a igreja no bairro de Ikotun, em Lagos, ela passou a ser tratada como uma pessoa proscrita.

"Ela era meio que rotulada como a ovelha negra da família", conta Rae, do Reino Unido, que morou por 12 anos na igreja como discípula. Como a maior parte dos antigos discípulos entrevistados pela BBC, Rae preferiu usar apenas seu primeiro nome.


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